Pensamentos automáticos na escola: Como anda a sua flexibilidade cognitiva?
Este questionário não é um teste psicológico, não tem caráter de diagnóstico e não deve ser usado para julgar, rotular ou definir quem você é. A intenção aqui é muito simples: te oferecer um momento de pausa, reflexão e autoconhecimento.
Na escola, enfrentamos muitos desafios, pressões e reações automáticas que fazem parte da correria do dia a dia. Nem sempre temos tempo — ou espaço — para perceber os nossos próprios pensamentos e padrões. Este questionário é um convite leve e respeitoso para você se observar com curiosidade, sem culpa e sem rigidez.
Lembre-se: pensamentos automáticos não te definem. Eles apenas mostram onde a sua atenção pode crescer. Que este momento seja útil, respeitoso e gentil com você.
"Com qual frequência você pensa ou já pensou algo parecido?"
Como seus pensamentos automáticos podem ampliar os conflitos na escola?
O pensamento polarizado acontece quando enxergamos o mundo de forma muito rígida, dividindo tudo em extremos: ou certo ou errado, ou bom ou ruim, ou funciona ou não funciona. Esse modo de pensar pode até parecer lógico em algumas situações.
Mas, quando se torna automático, tende a aumentar os conflitos nas relações dentro da escola — seja com alunos, colegas de trabalho ou com as famílias. Isso acontece porque o pensamento polarizado reduz o espaço para o diálogo. Quando acreditamos que ou a pessoa concorda comigo, ou está contra mim, escutamos menos e ficamos mais preocupados em convencer do que em compreender.
Outro efeito do pensamento polarizado é que ele aumenta a sensação de ataque pessoal. Quando interpretamos críticas ou discordâncias como sinal de desrespeito, podemos reagir com defensividade — deixando de lado a curiosidade e o desejo de entender melhor o outro.
Tudo isso prejudica o vínculo e a confiança. Pessoas que se sentem julgadas ou rotuladas se afastam. Alunos deixam de pedir ajuda, colegas se fecham, famílias evitam conversas. O caminho para lidar com isso não é eliminar os pensamentos automáticos — eles fazem parte de todos nós. Mas podemos aprender a flexibilizar esses pensamentos.
Uma boa prática é fazer perguntas antes de tirar conclusões rápidas e tentar entender o que a outra pessoa está querendo dizer ou pedir por trás de uma fala ou comportamento. Todo mundo tem pensamentos automáticos. O mais importante é perceber quais pensamentos aparecem mais no seu dia a dia — e como eles podem afetar as suas relações e os conflitos na escola.
Isso não significa concordar sempre. Significa escutar mais, reagir melhor e construir relações mais respeitosas e colaborativas.
“Só porque você está CERTO, não significa que eu estou ERRADO“.
Quando não conhecemos o pensamento polarizado, rotulamos: "Que pessoa teimosa!"
O problema de usar o rótulo “teimoso” é que ele não ajuda a resolver o conflito. Pelo contrário: ele fecha o diálogo, aumenta a distância e faz a pessoa se sentir desqualificada.
Agora que você conhece o conceito de pensamento polarizado, existe um caminho mais respeitoso e inteligente: perceber que essa rigidez pode não ser má intenção — pode ser um padrão automático, que a pessoa talvez nem saiba que tem. Ao invés de rotular, vale a pena perguntar:
“O que será que existe por trás dessa insistência? O que será tão importante pra ela, a ponto de querer defender essa ideia com tanta firmeza?”
Flexibilizar o pensamento é um exercício. E, muitas vezes, o primeiro passo não é mudar o outro. É mudar o modo como olhamos para o outro.
O que são pensamentos alternativos? E como usar?
Pensamentos alternativos são outras formas de enxergar uma situação. Eles não servem para “anular” o que você pensa ou sente, mas para ampliar o seu olhar quando perceber que um pensamento automático está te deixando cansado, irritado ou preso em um conflito. Na prática, o pensamento alternativo funciona como uma pergunta interna:
→ Será que existe outro jeito de olhar para isso?
→ Será que existe outra explicação possível?
Quando usamos pensamentos alternativos, criamos espaço para observar melhor a situação, reduzir julgamentos e escolher respostas mais respeitosas — com o outro e com a gente mesmo. Não é pensar positivo à força. É treinar flexibilidade mental. Quanto mais praticamos, mais fácil fica perceber os padrões automáticos que surgem e escolher caminhos diferentes.
Frases automáticas e polarizadas que escutamos (ou falamos) na escola: vale a pena repensar?
Pensar ou dizer essas frases é algo muito comum na cultura escolar. O que diferencia a nossa prática é a capacidade de reconhecer esses padrões e buscar caminhos mais flexíveis e construtivos.
Importante: essas frases aparecem porque fazem parte da cultura escolar. Elas não te definem. Reconhecer pensamentos automáticos é o primeiro passo para construir práticas mais flexíveis e leves.
Referências:
BECK, Judith. Terapia Cognitivo-Comportamental: Teoria e Prática. Artmed, 2013.
→ Para a ideia de pensamentos automáticos e distorções cognitivas.ROSENBERG, Marshall. Comunicação Não Violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. Editora Ágora, 2006.
→ Para a prática da escuta e formulação de pedidos claros.HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. Editora 34, 2003.
→ Para o conceito de reconhecimento nas relações.VERÓN, Eliseo. Análise do Discurso: A construção do sentido. Editora Loyola, 2004.
→ Para a leitura das mensagens e construção dos sentidos nas falas.JUNG, Carl Gustav. Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. Vozes, 2013.
→ Para a ideia de personas, papéis e imagem social.UNESCO. Competências socioemocionais e educação. Relatórios diversos sobre flexibilidade cognitiva e competências do século XXI.
Enfim, talvez o que mais nos atrapalha não seja o conflito… mas a rigidez com que olhamos pra ele.
Esqueci de mencionar algum pensamento polarizado que você já ouviu ou já falou na escola? Escreve aqui nos comentários! Assim continuamos aprendendo e ampliando esse olhar juntos!
Te vejo na próxima semana!
Juliana Garcia